Mulheres Impressas
Professora do Centro de Mídias de Educação do Amazonas lança publicação que visa inovar os estudos de gênero no país.
A professora Isabel Saraiva, Ministrante do Ensino Presencial com Mediação Tecnológica, publicou o livro Mulheres Impressas: tramas de amor, honra e violência no espaço manauara, resultado de sua pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Amazonas. Para divulgação de seu trabalho, a autora realizou tarde de autógrafos no Casarão de Ideias, no último dia 30 de abril.
Em entrevista para o CEMEAM, a professora respondeu as seguintes perguntas:
Entrevistadora: Professora Isabel, conta para gente como esse livro impactou no seu trabalho como professora, qual o significado dele para você?
Profa. Isabel: Esse livro conta a história de mulheres e a partir das histórias delas eu pude observar um contexto maior de como as mulheres eram observadas nas leis, como o Código civil e o Código Penal, por exemplo. E o que mais chamou a atenção foi como as mulheres, mesmo na condição de vítimas, eram tidas como merecedoras de tais agressões, tinham suas vidas investigadas para avaliar se de fato elas tinham um comportamento que merecesse essa atenção da sociedade. Ainda há muitos resquícios dessas histórias na realidade atual. Quando eu falo dessas relações de gênero, considero importante a reflexão de que ainda temos muito o que avançar neste sentido, ainda vivemos em uma sociedade patriarcal e machista e precisamos falar dessas relações para podermos desconstruir e reconstruir novas relações.
Entrevistadora: Há algum caso que te impactou muito na escrita do teu trabalho, o qual você queira comparar com a realidade dos dias atuais?
Profa. Isabel: O caso que mais me chamou atenção foi algo que eu nem imaginava que era dessa forma, acompanhei um processo de um marido que assumidamente cometeu o assassinato da esposa e no final acabou sendo absolvido. Achei um absurdo! Como ele confessa o crime e ainda assim é absolvido? Quando fui estudar esse tipo de caso, vi que era algo muito comum para a época, era o direito que ele tinha de lavar a honra que saiu do Código Penal, mas acabou ficando no cotidiano, pois acreditava-se que o comportamento das vítimas era inadequado, como se elas, por não se enquadrarem em um padrão, merecessem ser mortas. Eu conto um caso assim no meu livro, mas tive contato com diversos outros casos parecidos e fiquei perplexa com tal situação.
Entrevistadora: Professora, parabéns pelo seu trabalho que vai com certeza impactar muito as mulheres de hoje e que elas ao lerem seu livro não se permitam repetir os processos você relata em seu trabalho.
Profa. Isabel: Obrigada pelo apoio e reconhecimento.